24 de maio de 2011

Não convém

Não, eu não quero saber do que poderia ter sido, ou montar futuras dimensões. É impossível sonhar com o impossível, diria até irritante. Vontade convém realidade, e se não for real, eu não quero.
Chega um ponto em que as coisas mesmo sem querer tornam-se racionais, diria assim, racionais até demais. E ninguém no mundo é capaz de pular na água sem molhar o corpo. Então torna-se cansativo, vou repetir, irritante, claro ao ponto de doer os olhos.

E possibilidades, probabilidades, expectativas, não combinam mais entendeu? Não sozinhas.
Assim não serve pra mim.

A gente simplesmente cansa!


1 de outubro de 2010

Um jeito embriagado de ser


Andando assim por entre praças e becos. Buscando um sol, um rastro qualquer. Indo embora pra bem longe de todas essas incertezas. Eu vou lembrando das juras esgotadas, e dos planos que nunca passaram de planos. Nunca pensei em desperdiçar nada, mas sempre houve um excesso. Eu falo de fechar os olhos e fazer de conta que sei dançar, cair na valsa, cair no passo. Estar bem e querer ficar bem. Nem que seja entre nossos segredos tão claros, segredos estampados em nossos olhos. Não sei por que você cruzou a minha linha, e me olhou, e me mostrou as mais escondidas emoções, até então estranhas, sozinhas. E que o senhor da ansiedade me perdoe, mas eu afirmo: Elas não me querem assim de imediato! Na verdade sinto que há uma vontade em me deixar feito louca, jogando pedra na lua. Sim, seus olhos parecem soltar mil palavras por segundo. Sinto-me bêbada todas às vezes em que arrasto o meu olhar no seu. E fixo! Tento não me embriagar! Porém meu bem, é praticamente impossível. É como desenhar no escuro o Tim Maia pelado.


Talvez seja a esperança batendo, ou quem sabe foi uma estrela cadente que acabou de cair no meu jardim. Não, eu não pensava em me impressionar. Tão pouco quis perceber as coisas se movendo ao meu redor. Porém veja o estado em que me encontro: Bêbada, tentado acertar a lua com um paralelepípedo.

1 de agosto de 2010

(...)


Então o mundo resolveu girar ao seu redor, e dane-se eu, e dane-se tudo. Eu mesma fiz, e tudo o que fiz não foi sem querer. Procurei o barraco mais alto, o mais distante, aquele cercado por uma porção de silêncio. Fiz nossa paz, uma película fina, quase invisível. Feita de momento, feita para nós. De lá eu via o relógio comendo o tempo, e de momento em momento nossa paz virando pó. Era tudo tão previsível. Você já sabia, o nosso caso foi feito com um pequeno prazo de validade. Caso! Falando assim vem uma idéia de flerte, uma noite apenas, namoro de esquina. E eles, sabendo do que houve entre em nós, chamariam exatamente assim: Caso. Claro, apenas eu e você sabemos o tamanho da força que nos fez cometer essa loucura (Loucura? Desisto de tentar nomear).


Um momento caro, acho que vou vender as calças e tentar pagar. Vou tentar apagar você também. Eu preciso da minha paz de volta. Não me leve a mal, eu nunca consegui te entender, mas a sua presença sempre me trouxe a sensação de férias.


Queria ter você comigo, mesmo que fosse como uma comida estragada. Ou aumentar nosso prazo, ou diminuir nossa distância. Porém no máximo, o que eu posso fazer é relembrar você.


23 de maio de 2010

Ilusão é uma flor

Primaveras já vi passar mais de dez. Agora, esperar me transborda, não cabe em mim. Ainda resta um pouco de final e acenos, apertos de mão ou seja lá como for. Na verdade sempre resta alguma coisa.

Em certos casos é mais sensato fechar os olhos. Iludir-se às vezes faz bem. E francamente, estou tão além que mal posso ouvir você. Eu não sei nada sobre o amor. A gente não escolhe, não enxerga, não diz não. Então amar é desencontrar, ou desenhar um caminho que na verdade não se sabe aonde vai dar. Mentira! Eu sei pelo menos metade de um - terço. O amor me desconecta de mim. Eu sempre me perco, deveria me sentir em casa.


Tem jeito não, asas eu tenho. É que hoje voar vai me cansar. Afinal de contas, é preciso bem mais que vontade.

4 de abril de 2010

Sobre o que é estar a um fio da felicidade


Entre tudo o que cabe em mim, começou a existir uma ponta de saber o que é gostar de alguém. Talvez seja mesmo a hora certa de começar não desenhando o fim, e assim entender que aquele oceano de acasos que passaram por mim, foram fatos perdidos. Os profetas barbudos, o menino descalço atravessando a rua, até os monges dizem que eu devo querer você. Os versos da música que tocava hoje no rádio, também acham que eu não vou conseguir dormir sabendo que a chance que eu tenho de ficar nas nuvens, pode passar.
Pois bem, no começo era só um esboço qualquer. Eu caminhava sem saber se queria ou não chegar em algum lugar. E então vieram as evidências, as razões, depois uma impressão. Em seguida surgiram as provas, as setas e placas dizendo: continue, continue. Até que um dia, como que por outro acaso, eu percebi suas cores em mim. E depois de tantos depois, eu comecei a desenhar as sensações que um abraço pode ter, e as curvas que a gente é capaz de fazer por um olhar, enquanto existe um atalho em frente.
Você achou conveniente roubar meus pensamentos e sequestrar a minha peneira, me fazendo absorver tudo o que vem de você. Do A ao Z, sem abstrair ou deixar escapar nada. Foi exatamente assim, e eu não lembro quando fui vencida. Não sei se você estava lá e eu cheguei, ou se um anjo te guiou até a mim.

‘’Nos olhamos durante um segundo que levou uma eternidade. Foi como se ao invés de um coração, houvesse sinos badalando dentro de mim. Assim eu pensei em concretizar as vontades que até então conspiravam ao nosso favor, e em seguida quis parar o tempo.’’


Apenas sei que isso me invadiu. E não é impressão, tudo fica mais bonito quando você está por perto. Me refiro às vezes em que me perdi, tentando encontrar tudo o que há em você. Não que eu queira assistir nossa trama na primeira fila, ou que eu espere a lua que vai me fazer enxergar a sua essência. Dispenso tudo, porque de nada preciso para entender que é em você que mora o meu estado mais puro.
Sua casa agora é o meu coração. Seu abrigo é o meu sorriso. E o meu telhado é o seu olhar.

Sobre o tempo, já nem me importo mais. Eu espero o quanto for, pois no final sei que vou estar como deveria, a um fio da felicidade.

27 de fevereiro de 2010

Daquela paz que me procura


Lá vem de novo. As luzes estão acesas, e os meus pés já deixaram o chão. Acho que estamos numa roda gigante, ou vai ver tudo não passa de um sonho. Eu pensei em perguntar sobre esses dias que nasceram depois de você. Tive vontade de saber o porquê que eles fogem do ensaio. Não me perdi, apenas encontrei o caminho cheio de curvas que me leva até a sua inquietação. Não é nada telepático ou sobrenatural, são os seus sinais, eles me chamam.

Sinto um medo que me encoraja e enquanto isso, escuto a música do vai e vem dos ventos que por aí levaram o meu limite. Talvez seja culpa dos signos, ou das fases da lua. Quem sabe até o sol nasceu mais cedo, ou a roda gigante parou quando estávamos no alto.


Meu bem, eu não sei quase nada sobre o que ter a certeza de que estou aonde deveria estar. Porém não me cure agora, me deixe ficar. Desde a sua primeira fumaça, meus pensamentos se resumiram em encontrar a minha paz.

Lá vem, lá vem de novo.

23 de janeiro de 2010

E então eu quis me conformar.


Talvez assim eu consiga dizer um terço do meu acúmulo. Cada palavra e acento, cada minuto que pensei em mergulhar de vez, e seja lá o que Deus quiser. Agora vou derramar cada luar e bancos de praça, cada céu aberto que tentei pintar, só pra fazer dali o meu abrigo. Quem sabe então eu não esqueça de usar o pára-quedas, e perceba a altura que o meu coração é capaz de suportar. Ah! Mas quem te mandou tanta coragem? Assim, vou lamentar os seus arrependimentos, vou contar segundo por segundo, e desenhar cada canção que você me fez bater as mãos. Coração, porque me desafias tanto? (...) Se no final, o pouco que te resta sou eu.
E pensar que o meu excesso nunca foi tão limite, e a minha razão tão extinção. Eu resolvi deixar o sol entrar e banhar o meu corpo. Decidi decifrar suas razões, numa tentativa insana de não me perder. Seria inútil pensar que é por você que vivo, se no entanto queres viver em tantas, menos por minha vida. Então deixe-me dizer. Quero desabrochar minha represa de letras, e navegar sobre as suas batidas. Eu posso descrever às vezes em que te procurei, tentando te acordar de sonhos. Eu tentei te explicar das arestas que o destino possui, porém você nem me olhou. Se tivesse aberto os olhos em uma daquelas noites, veria a tempestade que caía. Mas você se foi. Inúmeras vezes você fugiu embalado nas águas que limpavam as ruas. Você deve saber muito sobre mim. Sim, você deve ser uma espécie de teste infinito. Então eu deixo o sol me secar dos banhos de chuva que levei. Eu deixo as janelas abertas, e finjo que sou melhor do que você.
No fundo, queria que fosse verdade o que andas espalhando por aí. Diz que tem força, e que tem malandragem. Diz ser grande, um coração racional. Mas te faltam algumas aulas sobre o que é amar alguém. Parece que você esquece, ou talvez faça de propósito. A verdade é que eu sempre me afogo, e no último instante você faz questão de me salvar sorrindo.
Eu não sei navegar suas ondas. Não sei acompanhar sua dança. Também nem me importo em tentar mais uma vez, ou melhor, eu já decidi. Vou deixar o calor secar a minha alma.