
E pensar que o meu excesso nunca foi tão limite, e a minha razão tão extinção. Eu resolvi deixar o sol entrar e banhar o meu corpo. Decidi decifrar suas razões, numa tentativa insana de não me perder. Seria inútil pensar que é por você que vivo, se no entanto queres viver em tantas, menos por minha vida. Então deixe-me dizer. Quero desabrochar minha represa de letras, e navegar sobre as suas batidas. Eu posso descrever às vezes em que te procurei, tentando te acordar de sonhos. Eu tentei te explicar das arestas que o destino possui, porém você nem me olhou. Se tivesse aberto os olhos em uma daquelas noites, veria a tempestade que caía. Mas você se foi. Inúmeras vezes você fugiu embalado nas águas que limpavam as ruas. Você deve saber muito sobre mim. Sim, você deve ser uma espécie de teste infinito. Então eu deixo o sol me secar dos banhos de chuva que levei. Eu deixo as janelas abertas, e finjo que sou melhor do que você.
No fundo, queria que fosse verdade o que andas espalhando por aí. Diz que tem força, e que tem malandragem. Diz ser grande, um coração racional. Mas te faltam algumas aulas sobre o que é amar alguém. Parece que você esquece, ou talvez faça de propósito. A verdade é que eu sempre me afogo, e no último instante você faz questão de me salvar sorrindo.
Eu não sei navegar suas ondas. Não sei acompanhar sua dança. Também nem me importo em tentar mais uma vez, ou melhor, eu já decidi. Vou deixar o calor secar a minha alma.